27/09/2021

Cozinha Solidaria de Itararé

 Dando sequência à postagem sobre uma futura cozinha solidária no Morro da Capixaba, registro aqui algumas informações acerca da Cozinha Solidária de Itararé, já em funcionamento.

Lá, as refeições são preparadas nas dependências da Paróquia Madre Tereza de Calcutá. Já existe toda uma organização para captar e receber as doações. Na sexta-feira acontece o pré-preparo dos alimentos: descascar mandioca, batata, cortar legumes, fazer a pasta de alho, cortar e temperar carnes etc. Todo esse trabalho das sextas é feito por voluntários.

                         

                         

No sábado, quando se dá a preparação das refeições propriamente dita, a Cozinha conta, além da participação dos voluntários,  com o trabalho de um cozinheiro profissional, voluntário ou, às vezes, contratado. Há também as equipes de Limpeza e de Comunicação, essa última cuidando da divulgação do projeto com o objetivo de manter, ou mesmo aumentar, o volume de doações e, claro, também com o propósito de multiplicar a iniciativa em outras comunidades e cidades.

E, por fim, coroando todo o trabalho, há o gratificante momento da Distribuição,  na qual são entregues cerca de 250 refeições todos os sábados para as muitas e muitas pessoas em situação de insegurança alimentar. 

Como foi dito acima, as Brigadas Populares, o Fórum do Território do Bem de Itararé, a União da Juventude Comunista e  a RUCA têm participação fundamental em todo o processo. 




a caça ao esterco

Já que não conseguimos encontrar quem nos fornecesse  esterco, com os feirantes do Centro de Vitória, e nem na Vila Rubim,  saímos nós mesmos à cata do precioso fertilizante natural. Fomos eu, para adubar minha horta particular, e alguns moradores da Capixaba, para a Horta Comunitária que estão implantando lá no Morro, ao lado da Quadra de Esportes. Subimos, então, rumo a alguns pastos que existem logo abaixo das torres do Parque da Fonte Grande

Já conhecíamos o caminho, fizemos várias trilhas por ali há mais de quinze anos, acho que o Parque nem tinha sido implantado ainda - pelo menos não havia quase nenhuma da estrutura que existe hoje.  Veja algumas imagens dessas trilhas de outrora.  E, abaixo, algumas imagens de nossa Caça ao Esterco, feita no sábado de manhã. 

Depois de passar por vários becos e vielas na Fonte Grande
pegamos uma longa calçada em forma de rampa.

Aqui, há um trecho mais pesado, a rampa concretada acaba 
e temos que seguir um bom pedaço em meio a pedras e locas 



O campinho da Fonte Grande, aonde a comunidade 
promovia torneios de futebol, antes da pandemia

Chegando à "roça", próximo aos pastos


Finalmente, a caça ao esterco. A gente sai procurando 
e catando pelos pastos afora  




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26/09/2021

Cozinha comunitária e solidária na Capixaba

O  pessoal da Capixaba não está para brincadeiras. Além da implantação da trilha "Por dentro do verde da Capixaba", está em andamento o projeto da Cozinha Comunitária da Capixaba.

Segundo Narcísio Soares, líder comunitário, a iniciativa encontra-se  na fase de escolha do local aonde a cozinha será implantada. A preferência da comunidade é por um amplo e plano terreno, localizado logo no início da Escadaria Lourival Lamego, que conduz até a parte mais alta do Morro.

Local escolhido pela comunidade da Capixaba para implantar 
a Cozinha  e o Centro comunitários

Além de um mais fácil acesso, inclusive por parte de visitantes, também será mais prático receber mercadorias em geral. Quanto aos outros locais, além de menores, estão em áreas de difícil acesso.

Esclareça-se que no imóvel funcionará também o Centro Comunitário, que poderá abrigar diversas atividades: cursos, lazer, cine clube, artes em geral. 

Inclusive, quando a  trilha "Por dentro do verde da Capixaba"   estiver consolidada, recebendo visitantes de diversos locais de Vitória, e mesmo de outras cidades, a ideia é que funcione no local um ponto de recepção, e até mesmo uma pequena lanchonete ou restaurante, o qual será naturalmente uma fonte de geração de renda para a comunidade.

As lideranças estão aguardando, apenas, a conclusão do projeto das instalações da cozinha, a ser elaborado pela SEMAS - Secretaria de Assistência Social, pois o projeto de construção já está pronto.

Há que informar, ainda, que o  projeto não é apenas de uma cozinha comunitária, para servir apenas às necessidades dos moradores da Capixaba. Mas trabalham também com a possibilidade de uma Cozinha Solidária, nos moldes daquilo que acontece na Paróquia Madre Tereza de Calcutá, no bairro Itararé. Ou seja, colocar as instalações e equipamentos da Cozinha para que sejam preparadas refeições para pessoas necessitadas, sejam de outras comunidades, da população de rua e das ocupações promovidas pelos movimentos de moradia. 

Para a implementação da Cozinha Solidária terá que haver o trabalho de arrecadação de doações, de alimentos ou dinheiro, pessoalmente ou através das redes sociais, e também será necessário  o trabalho de voluntários para preparar as refeições, cuidar da limpeza, fazer a distribuição das marmitas, entre outras atividades.

Nesse sentido será fundamental a participação de outras entidades, tais como a AMACENTRO  e outras associações de moradores vizinhas. E também seria de inestimável ajuda a participação de coletivos como as Brigadas Populares, a União da Juventude Comunista, a RUCA, coletivos que, inclusive, colaboram ativamente na Cozinha Solidaria de Itararé.

nos tempos do palmito da Ponte Seca

Por falar em palmito, a ser futuramente colhido através da inciativa do projeto "Por dentro do verde da Capixaba", trago para os leitores desse blog  antigas fotos do tempo em que havia a famosa, popular e vibrante Feira do Palmito, na Ponte Seca, que acontecia todo ano por ocasião da Páscoa. Registro que tirei essas fotos no começo dos anos 2000.                                                                          






por dentro dos verdes e pedras da Capixaba

 

No dia 03 de outubro, próximo domingo, o movimento comunitário do Morro da Capixaba, em conjunto com a AMACENTRO, promoverá a 1ª  Trilha "Por dentro do Verde da Capixaba".

O ponto de encontro será na Escola Gomes Cardin, aonde acontecerá um café da manhã coletivo, cada participante levando o seu alimento para compartilhar com o grupo. E a caminhada terá início na pracinha da Capixaba.

O primeiro ponto de parada será na Pedra do Sino, conforme mostrada nas duas imagens abaixo, e será alcançado em cerca de vinte minutos, de subida de baixa dificuldade, embora íngreme.

                                      


Vista da pedra do Sino, com o Morro do  Penedo ao Centro, e os navios e  poderosos guindastes do Porto parecendo brinquedinhos

Durante o trajeto está prevista a plantação de mudas de palmeira Juçara, da qual é extraído  palmito. Registre-se que essa palmeira está ameaçada de extinção, segundo Narcísio Soares, líder comunitário da Capixaba, e que os pássaros se alimentam dos seus frutos, espalhando-os pela mata. Significa que, dentro de algum tempo, haverá uma considerável população dessa espécie no entorno do Morro da Capixaba
É, portanto, uma iniciativa extremamente importante,  de caráter ecológico, e que também terá como objetivo a geração de renda para os moradores do Morro da Capixaba, através do extrativismo sustentável do palmito contido na palmeira Juçara.
É, sem dúvida, uma iniciativa louvável, e que deveria ser replicada por outras comunidades vizinhas da Mata, inclusive na região da Grande São Pedro.


O ponto mais alto da Pedra do Sino, cerca de trinta minutos de subida, de média dificuldade, após a primeira parada.

Para se ter uma ideia da altura, reparem na vasta porção do Oceano Atlântico captada lá de cima

23/09/2021

tal como o mel

 

tal como o mel
nos deleita no instante
em que o levamos à boca
um poema terá de se entender
à primeira.

sons e sentidos pouco claros
não dizem muito mais do que um mudo
diz a um surdo.

(transcrito de trapézio sem rede)

20/09/2021

tu, escuridão


Tu, escuridão da qual descendo

de ti gosto mais que da labareda:
ela reduz o mundo em que reluz
a uma espécie de círculo
fora do qual nenhum ser a conhece.
 
já a escuridão, em si tudo contém:
formas e flamas e animais, e eu
assim como também ela reúne
pessoas e potências...
 
e pode ser isto: uma grande força
a se mover nos subúrbios de mim...
 
acredito nas noites


rainer maria rilke, "o livro de horas"

amo as horas sombrias de meu ser

amo as horas sombrias de meu ser
nas quais se me aprofundam os sentidos:
nelas eu tenho achado, como em velhas cartas
meu dia-a-dia já vivido, e feito
alguma lenda distante e sofrida.
delas me vem a noção de que tenho
lugar numa outra vida mais ampla e infinita.

e eu às vezes me sinto feito a árvore
que, sobre um túmulo, madura e ciciante,
preenche o sonho de algum morto jovem
em volta do qual aperta suas raízes mornas
perdido entre amarguras e cantigas

rainer maria rilke ,  "o livro de horas"

19/09/2021

manhã

Levantei da cama cedo. Mas não acendi as luzes da casa. Quero manter a privacidade da penumbra, antes que todo mundo acorde com seus ruídos. Por enquanto, os passarinhos cantam e se ouve apenas a água escorrendo dentro dos canos. Que paz quando os homens dormem e calam suas bocas


neusa doretto,   transcrito de  poesia rápida

vitória, imagens III - fonte grande

As imagens abaixo são de uma visita que fizemos ao parque da Fonte Grande, creio que em 2006. A visita foi organizada pelo CPV - Conselho Popular de Vitória, que era presidido à época por Seu Waldemar, e contou coma participação de lideranças comunitárias de vários bairros no entorno do Parque. 

Na realidade, a visita atendia a um dos princípios do COLEDUC -  Coletivo de Educadores Ambientais, que era o de promover um conhecimento, por parte dos moradores e lideranças, do território aonde vivem; afinal somente  podemos cuidar e proteger adequadamente e aquilo que conhecemos, que vivenciamos. O COLEDUC era  apoiado pelo CPV, e era um projeto de inciativa da professora Graça Lobino. 
Nós, lideranças e moradores do Morro da Capixaba . Estou de camisa azul, Elenice Siqueira, ao meu lado, à época como presidente do COMEV - Conselho Municipal de Educação de Vitória e, ao centro, de vermelho, Narcísio Soares, presidente da extinta AMOR- Associação de Moradores do Rosário. 

Pra quem ainda não conhece o Parque da Fonte Grande, 
não sabe o que está perdendo. Olha as alturas, paisagens mais vastas 
do que aquelas vistas do Convento da Penha, acho que só perde para as alturas do magnífico Mestre Álvaro. 



Olha o Penedo tão pequeno parecendo, 
delicadamente emoldurado por folhagens 
Aqui é uma outra trilha para se chegar ao Parque, 
vem de Fradinhos; ao fundo a Pedra dos Olhos
As torres de telefonia no alto do Parque: onipresentes sinais da Técnica, 
na sua implacável, mas inútil, ambição de ocupar, utilizar e descartar 
todos os recantos do Planeta.
Apesar de tudo, é uma imagem até poética. Parecem pedidos de socorro
 ao espaço cósmico, ou mensagens aos astros vizinhos,  para manterem 
uma distância segura deste envenenado planeta - até que vençamos a estupidez e brutalidade do obsoleto e canceroso Capitalismo, ou até que sejamos eliminados pelos implacáveis mecanismos de defesa da Terra.



Mas enquanto não somos expelidos do Planeta, e nem fazemos a cada vez mais viável e urgente Revolução Planetária, ao menos podemos fruir de singelas imagens: líquens brotando poéticos e coloridos, bois buscando o seu comer de todo dia, crianças vivenciando a puro jorro do Ser e da Origem através dos entes rurais. E tudo isso a apenas trinta minutos das envenenadas e barulhentas avenidas do  centro da cidade. 

13/09/2021

nossa horta

Dando sequência à postagem sobre o encontro de hortas urbanas agroecológicas,  aqui vão algumas imagens da horta urbana que estamos começando..

 Afofamos  a terra, cercamos direitinho os canteiros e já preparamos a compostagem. Buscamos bastante folhagem na mata do Morro da Capixaba, a maior parte já em estado de decomposição orgânica, o que tornará mais rápida a fertilização de nossos canteiros.

Quem está participando comigo no projeto é o Narcísio, liderança do Morro do Capixaba, e membro da diretoria da AMACENTRO. Ele tem larga experiência no trato com a terra. 

Algumas pessoas que  que saem da roça para  a cidade infelizmente esquecem ou desprezam o feito no ofício de agricultor. Outros jamais perdem o gosto, a intimidade e a satisfação no trato com a  terra. Narcísio é um desses últimos, uma dessas inúmeras  pessoas que, embora mora há muito tempo na cidade, ainda detém um saber popular agrícola que precisa ser resgatado, tal como é proposto pela RUCA, em seus princípios e métodos (leia na postagem anterior
Bem, ainda tem um bom pedaço de terra para trabalhar. Muita energia para gastar e para receber. A gente começa a mexer com a terra e não quer parar mais. Cada dia é um aprendizado novo. Aprendi até sobre área de circulação: deixar área livre tanto para nos movimentarmos quanto para o escoamento da água da chuva, preparando uma inclinação suficiente,  para a água não empoçar ou invadir os canteiros.
Eu, particularmente, gostei muito de preparar os cercadinhos - fiz sozinho. Achei poética toda essa mistura de materiais, aproveitando madeira velha, tijolos antiiiigos, lajotas e até mesmo pedras milenares. Tudo transmite vida, tempo, intimidade, nada de cercadinho arrumadinho, industrial, modernoso, cheio de  plástico, metal. madeira trabalhada  etc etc.

Pelo menos uma parte da área, a ser ainda trabalhada, está bem fértil. Sofreu um processo de compostagem natural. Durante muito tempo, o terreno ficou abandonado, e com muita madeira e folhas de goiaba por cima. Agora tá no ponto de plantar. É só ver como o matinho cresce com vontade. Pena ter que cortá-lo para fazer os  novos canteiros. Aliás, já plantamos no meio do matinho um muda de cana e duas mudas de abóbora Maranhão. Inaugurada de fato a Horta.
Ao fundo, no quintal vizinho, tem até uma matinha para abençoar a nossa horta, atraindo pássaros e outras criaturas, cuja companhia certamente só pode fazer bem. Impressionante, mas os passarinhos começam a cantar antes das três horas, e em pleno inverno .

encontro de hortas urbanas

Tivemos, neste sábado (11/09), o primeiro de dois encontros, promovidos pela Ruca*, abordando o tema das Hortas Agroecológicas Urbanas. O próximo encontro será no domingo, dia 19. O curso tem acontecido na sede da Fase, rua Graciano Neves, centro de Vitória.

Quem quiser conhecer em detalhes a realidade e os princípios das hortas urbanas agroecológicas, pode procurar no Instagram - ruca.agroecologia, ou se dirigir à própria Fase;  a Ruca ainda não tem sede própria. 

Aqui, aponto, resumidamente, três dos princípios que norteiam a iniciativa das hortas agroecológicas urbanas, e da própria Ruca, e que mais me chamaram a atenção:

- maior integração entre moradores das comunidades, através de inciativas solidárias, ajudando a romper a distância, a indiferença e até mesmo uma hostilidade, ou medo latente, que aos poucos vai se estabelecendo entre as pessoas nas grandes cidades, e que, no fundo,  são sutilmente  estimuladas por esse modo de vida consumista, individualista e competitivo.

- aproveitamento de espaços vazios e ociosos nas cidades, com o propósito de gerar o cultivo de alimentos saudáveis, baseado nos métodos da agricultura orgânica, e, em etapa posterior, promover até mesmo a  geração de renda em comunidades mais carentes.

- resgate do saber popular referente a modos de plantio, de compostagem e fertilizantes naturais, e principalmente de preservação de sementes e mudas ancestrais, as chamadas sementes crioulas, que não passam por laboratórios e manipulações genéticas. E sabemos quanto de conhecimento popular (não somente na agricultura, mas na culinária, na medicina alternativa, no artesanato, na música de raiz) tem se perdido neste modelo de capitalismo obsoleto, doentio e em estado terminal, mas por isso mesmo cada vez mais alucinado e estúpido.  

Para mim, foi uma grata surpresa tomar conhecimento dessa realidade das hortas urbanas, que, pode-se dizer, já não está mais num estágio inicial ou experimental, mas é, sim, uma realidade já consolidada em inúmeras cidades do país. Durante o curso, foi informado, inclusive, que São Paulo, Rio de Janeiro e principalmente Belo Horizonte são cidades num processo bem avançado de envolvimento das comunidades na implantação das hortas urbanas agroecológicas.

Na verdade, eu vinha tentando me animar  a cultivar uma pequena horta no meu quintal. Mas algo despretensioso, talvez com poucas chances de ir em frente, já que minha experiência era quase zero no assunto; mais como oportunidade de exercício físico, e também essa espécie de libertadora e silenciosa terapia, que o contato com a terra e o mato nos oferece. 

Claro que, depois do curso, eu me animei muito mais; na próxima postagem, inclusive, divulgo algumas fotos dos canteiros que terminamos de preparar, já no dia seguinte, aproveitando a folga da manhã de domingo. Por ora, seguem alguns registros do encontro de sábado. 

Daniela Meirelles, na abertura do encontro

Vitor Taveira (segundo, da esquerda par a direita)  um dos coordenadores, 
a quem eu  não via desde os tempos da construção do Raiz Cidadania




  *  Rede Urbana Capixaba de Agroecologia

08/09/2021

resgate de imagens antigas do Grito

Fuçando em arquivos antigos, deparei-me com esses registros de imagens do Grito dos Excluídos de 2009 e 2010. Neste momento de fascismo grotesco, levado  a cabo por um psicopata chulo,  apoiado por UMA minoria barulhenta, arrogante e  imbecilizada - e tudo isso  sutilmente tolerado pelo grande poder econômico e pelas instituições a ele submetidas -  temos presenciado recuos, dificuldades, desafios e descontinuidades nas iniciativas de resistência popular.

Por isso, vale conferir que a luta popular mantém sua  persistência, coerência e  combatividade. E assim permanecerá até a eclosão da Revolução Socialista - transcendente e definitiva - e com o advento  da Primeira Festa verdadeiramente humana e universal neste planeta. Postei apenas registros do Grito de 2009, deixo para outra ocasião os registros de 2010. Veja aqui o registro do Grito deste 2021


GRITO DOS EXCLUÍDOS 2009





Pe Kelder, felizmente uma pessoa quase onipresente no Grito nosso de cada ano - articulando, preparando, animando, denunciando; enfim, coroando, com o Grito, um trabalho pastoral militante realizado durante o ano inteiro - à época, o padre atuava na Paróquia de São Pedro, em Jacaraípe, que nunca me pareceu muito engajada nas lutas sociais e populares; aliás, o oposto das paróquias de São Pedro, em Vitória e de Itararé, também na capital, onde atua hoje.

eu e seu Waldemar, à época presidente do Conselho Popular de Vitória, fazendo o CPV ficar bonito na foto; ajudados, é claro, por um Pe Kelder bem descolado, tipo hippie ou  rock and roll



O saudoso e combativo deputado Claudio Vereza, 
ladeado pela companheira Dilcéia, de Vila Velha


Não me lembro o nome da companheira 
cantora; escusas peço


naquele ano, os locais escolhidos para término de nosso Grito e de nossa Festa da Resistência Popular foram as instalações dos Poderes Legislativo, Judiciário e do Tribunal de Contas; não me recordo bem, mas a pauta do Grito tinha muito ver com a corrupção, com a limpeza ética nas instituições.
Mas se havia, certamente existia alguma denúncia sobre um pseudo combate da corrupção, ou seja, um combate que visaria apenas o Governo Dilma, o PT e demais lideranças de esquerda e a criminalização dos movimentos sociais, ignorando que a corrupção é algo estrutural no país, que ela é inerente ao próprio capitalismo, e que não foi "inventada' pelo PT. 
Parecia que os movimentos populares já sabiam, ou já intuíam o intuíam o projeto direitista  a longo prazo; inculcar tanto nas classes populares quanto nas despersonalizadas  classes médias, a ideia fixa e destrutiva de  que o PT era o partido mais corrupto do país, quiçá do mundo, e que deveria ser afastado do poder, e até mesmo eliminado da vida política, pois o seu super hiper mega criminoso esquema criminoso de corrupção estava destruindo o Brasil. 
E, como se sabe,  infelizmente o plano funcionou à perfeição: sabotagem do governo Dilma e seu impedimento/golpe, prisão de Lula, ascensão do fascismo, demonização do PT e da esquerda em geral, e por fim o desencanto e a aversão para com a, abrindo espaço para a atual e grotesca ascensão do fascismo. 




De qualquer forma, teve um caráter festivo o término de nosso Grito em 2019. Ocupamos e nos espraiamos pelos aprazíveis gramados do Tribunal. Questão de Justiça, já que falamos dela. 

Afinal nunca é demais lembrar: tudo foi construído pelos trabalhadores, proletários ou não. O banco das escolas para os médicos, engenheiros, juízes, os veículos de transportes para os estudantes, a impressão dos livros, até mesmo os chips para computadores, sem falar é, claro, dos prédios, ruas e estradas. Nunca é demais lembrar um pouco dos ensinamentos da Ciência Marxista.