08/09/2021

Um Grito contra o pandemônio e o esgoto fascista

Com um dia de atraso, seguem alguns registros do Grito dos Excluídos, em 2021. A concentração foi na Praça Getúlio, Vargas, centro da cidade, e a chegada foi na Prefeitura de Vitória.


                                       

                                       

saída da concentração, seguindo pela av. Beira-Mar


Padre Kelder, da Paróquia Madre de Calcutá (Itararé). O padre tem se tornado quase que um símbolo do Grito, em Vitória. Como aliás confirmam essas fotos das manifestações de  2009
Foi ele quem, anos atrás, interrompeu a procissão do Domingo de Páscoa e rezou a missa  num local onde se encontrava o corpo de um homem recém-assassinado, num gesto de comoção, compaixão e denúncia contra a violência econômica e social que se abate sobre os mais desamparados; nessa época Pe Kelder atuava na Grande São Pedro, uma das regiões mais precarizadas de Vitória.
                                      

                                      
A arrogância do prefeito Pazolini, uma espécie de filhote de Bolsonaro, também foi muito lembrada. Em apenas oito meses de governo, o tal prefeito tem tomado decisões que impactam e muito a vda dos munícipes e servidores da Prefeitura, mas que passam por cima de instâncias como os Conselhos Municipais, Associações e entidades diversas. 
Recentemente, determinou que o contingente da Guarda Civil fosse retirado do centro da cidade, sem ouvir o Conselho de Segurança  nem a Associação de Moradores (AMACENTRO). Dialogar com sindicatos e entidades de servidores municipais, então, nem pensar, vide as decisões tomadas com relação a aposentados e professores, entre outras. 
Não foi à-toa que o local, escolhido para finalizar o Grito, foi exatamente em frente da Prefeitura Municipal, como mostram as imagens abaixo.

 


Narciso, liderança do Morro da Capixaba e diretor de Política Urbana da AMACENTRO, ao lado de seu Waldemar, ex-presidente do CPV (Conselho Popular de Vitória) por duas gestões. 
Aliás, o interessante e gratificante, nessas jornadas de protesto contra o Esgoto, tem sido o reencontro com pessoas, militantes, lideranças, a quem não víamos há muito tempo. Sabemos que desde 2016 o  movimento popular e de resistência tem estado em recuo, na defensiva. 
Antigamente, brincávamos que éramos sempre os mesmos nas manifestações (o que nunca foi verdade, sempre houve pessoas ingressando no movimento). Hoje, a brincadeira é a de que ainda bem que os "mesmos"  de antigamente estão de volta às ruas. 

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a coisa toda parecia um duelo de imagens: foto pra lá, câmera pra cá, disparos de todo lado


Bem, a nota grotesca, e também revoltante, deixei por último. De um momento para o outro, esse cidadão de capacete e camisa azul, começou a filmar e gritar, acompanhando o nosso movimento. Alguns militantes chegaram a agredi-lo, para que ele se afastasse e parasse com as provocações. 
O revoltante, na verdade, não foi nem a atitude em si desse cidadão, mesmo porque ele estava com um adesivo de FORA BOLSONARO, na verdade parece que ele é desse  movimento NEM LULA NEM BOLSONARO, que estão tentando consolidar,  e que fará manifestação dia 12 de setembro, próximo domingo.
                              

O revoltante mesmo foi a atitude da polícia militar, que, a muito custo, dispôs-se a sair da viatura e afastar o cidadão. As imagens abaixo mostram a insistência de  nossa militância com os policiais. Era visível que a omissão deles visava estimular um conflito e uma grave agressão de nossa militância contra o grotesco cidadão. O de sempre: provocar-nos, dar motivos para que aparecêssemos na imprensa como agressivos, intolerantes, baderneiros, radicais. Algumas pessoas chegaram, inclusive, a aventar a possibilidade de que o tal cidadão fosse um policial disfarçado, para tumultuar nosso ato.  
Conjecturas à parte, se havia um armadilha, não caímos nela - por pouco, aliás. 
Mas isso leva a um outro dado revoltante. O descaramento com que a TV Gazeta noticiou a provocação. Ou foi por negligência e3 descaso profissional, ou por pura má-fé. Pois informou ao seu público que o incidente foi rapidamente solucionado com a prestativa interferência da  polícia.



Como se o dito cidadão não houvesse nos acompanhado praticamente durante mais da metade do percurso (as imagens acima mostram isso, o cidadão somente se afastou próximo da Ilha da Fumaça); como se a nossa militância não tivesse que praticamente intimar os policiais - aliás, ao menos tive o gostinho de ver como se portaram de forma cordata, quase humilde e temerosa, ao invés de partirem logo para a repressão, inclusive chamando rapidamente outras viaturas, como é praxe quando se trata de nossas manifestações  de resistência popular.



Mas apesar do sentimento de revolta com esse descaramento da polícia, sabemos que não podemos esperar coisa muito diferente disso, por parte dessas pobres, brutais e brutalizadas, capturadas nas classes populares pelo aparato da repressão, por força das necessidades econômicas de cada um. A solução definitiva desse problema certamente passa por aquilo que Rui Pimenta do PCO sempre nos lembra: dissolução da PM e construção de Forças de Segurança sob CONTROLE POPULAR OU COMUNITÁRIO.

Quanto às televisões, não era de se esperar mais do que isso: distorções e cobertura breve e negligente de nosso Grito de cada ano. Lamentemos também  por esses pobres jornalistas, capturados e doutrinados geralmente nas classes médias da vida.

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