a batalha de 2010 (10)
Duas observações acerca do texto de Sérgio Malbergier "Deixem o palhaço legislar" - extraído da Folha online e que vai abaixo.
Duas observações acerca do texto de Sérgio Malbergier "Deixem o palhaço legislar" - extraído da Folha online e que vai abaixo.
A primeira é uma pergunta: esse artigo seria mais um sinal daquela rebelião, que sugeri na apresentação do texto de Maria Rita Khel, a saber, uma improvável mas não impossível rebelião dos jornalistas submissos e analistas malabaristas contra os seus inflexíveis patrões da mídia?
A segunda observação é a de que finalmente temos uma abordagem diferente, e corajosa, do polêmico fenômeno da eleição de Tiririca. o mais deputado mais votado do país. Malberguer tem a coragem de nadar contra a corrente e colocar em questão
A minha opinião sobre o caso é a de uma solução conciliatória: já que Tiririca foi sagrado e consagrado nas urnas que se dê a ele a oportunidade aprender a ler e escrever.
Que se pare com essa hipocrisia de tentar nos passar a imagem de que um Parlamento, somente por abrigar representantes letrados ou razoavelmente escolarizados, seria automaticamente um Parlamento competente e compromissado com a cidadania e e transparência.
E, na outra ponta, que se pare com essa arrogância de que somente cidadãos razoavelmente escolarizados é que poderiam contribuir para o Legislativo, ou ficar àrente do Executivo, com competência, seriedade e sensibilidade social. Ora, o episódio do torneiro mecânico do Nordeste versus o "princípe" do mundo acadêmico de São Paulo mostrou muito bem que a questão não pode ser reduzida à ausência ou abundância de escolaridade e conhecimentos formais.
Se o Ministério Pùblico e o Congresso querem se apresentar como institruições sérias, democráticas e cidadãs, o mínimo que deveriam proporcionar - ao mais votado dos deputados e supostamente analfabeto - seriam condições para que o mesmo, além de suprir o seu eventual analfabetismo, também fosse capaz de adquirir, num tempo razoável, a formação técnica e política necessária para exercer o seu mandato.
Assim, o MP e o Congresso estariam acolhendo condignamente aquele que, bem ou mal, lhes foi enviado pelos eleitores. O Ministério Público poderia até mesmo criar mecanismos de avaliação do desempenho dos deputados que precisassem passar por essa espécie de 'curso de formação'.
Mas aí haveria um problema: para sermos coerentes e justos, esses mecanismos de avaliação deveriam julgar todos os deputados do Congresso, e não apenas os supostamente incapacitados, julgar e eventualmente cassar o mandato, no caso de um avaliação muito aquém dos requisitos exigidos: a ética, o compromisso com a coisa pública, a competência e a dedicação ao mandato, a humildade própria de um representante do povo, a sensibilidade para com os dramas sociais, e por aí vai.
E, nesse caso, certamente que o índice de reprovação e quiçá de cassação seria extremamente alto, independentemente do nível de es.colaridade...
Por tudo isso, é preciso dizer como Malbergue: deixem o palhaço trabalhar, não se pode antecipadamente acusá-lo, como se pela sua condição humilde e limitada (fruto da opressiva história que as oligarquais têm inposto a este país) ele fosse as mesmas palhaçadas e safadezas que muitos dos atuais ocupantes do Congresso - na verdade, ele pode até surpreeender positivamente,memso porque vai ser mais cobrado ou vigiado do que os outros.
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Um outro aspecto, que já abordei no texto a cidade de minas e de niemeyer.
Todo esse burburinho em torno da escolaridade de um candidato têm como pano de fundo a cultura da misficação das instituições burguesas e capitalistas.
Essas instituições precisam passar a imagem de seriedade, de competência, de neutralidade e principalmente de racionalidade na adminsitração do trabalho e da convivência humanas.
É preciso que o capitalismo e suas instituições políticas se apresentem como insubstituíveis, como o resultado de um longo processo de evolução: a superação ou a mera contestação do capitalismo e das instituições da democracia formal poderiam nos levar para o perigo da anarquia, do conflito, do desperdicio, da irracioanlidade administrativa etc.
Então, nada como exibir cidades futuristas como sede e centro de uma inexistente competência e transparência adminsitrativa.
E nada como exigir que os 'representantes do povo' nos parlamentos burgueses-capitalistas transmitam à massa domesticada uma imagem de também de competência, de lucidez e de capacitação técnica.
Como se diz nestes tempos de plástico: imagem é tudo.
Mas oxalá Tiririca não se deixe domesticar e prossiga escacancarando um pouco das hipocrisisas e dissimulaçoes, contradições e palhaçadas da democracia formal. Como diz Malbergier, vai ser divertido vê-lo excutando suas típicas dancinhas em frente ao microfone do Congresso Nacional.
Seria impagável, com certeza.
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