Amélia já contava com vinte anos de trabalho, sozinha com seus três mil processos. Na realidade, no seu cartório deveriam trabalhar mais duas escreventes, mas elas foram colocadas à disposição de varas da capital. Sem as companheiras o trabalho era intenso e impiedoso, mesmo quando a administração lhe disponibilizou dois briosos estagiários. Quando questionada sobre a situação Amélia respondia: 'O que há de se fazer?'.
O ambiente diminuto dificultava os movimentos, o grande volume de papel ocupava todos os espaços, os móveis inadequados trouxeram as dores nas juntas, nos dedos, na coluna. Agora estava tudo bem, Amélia vinha pagando de seu bolso RPG, pylates, massagem e ginástica de correção corpora,l e aliviada exclamava: 'Ainda bem que posso pagar'.
Amélia sempre gostou de chegar cedo no trabalho, vinha pela manhã e ficava até o final da tarde, muitas vezes sua rotina superava dez horas diárias. Não muito excepcionalmente, permanecia até as vinte horas realizando audiências que extrapolavam o horário. Temerosa registrava: 'Manda quem pode e obedece quem tem juízo'.
Amélia possui o conhecimento da vida e sabe perfeitamente que todos seremos irremediavelmente substituídos, sabe que a velhice, a doença e a morte são o destino de todos os seres vivos, mas se enche de orgulho quando lhe batem às costas e afirmam ser ela insubstituível.
Companheiros(as) escreventes da Justiça Capixaba, vocês podem fazer como Amélia e continuar a ter uma vida de mentira ou, então, comparecer nos locais de votação, no mês de julho, e junto com seus (suas) companheiros (as) iniciar a construção de uma nova realidade transformando AMÉLIA NUMA ESCREVENTE DE VERDADE.
Romulo Lopes Bernabé
Diretor de Política Sindical do SINDIJUDICIÁRIO
Leia também o texto sobre a revitalização da Assejur
Nenhum comentário:
Postar um comentário