19/05/2009

alerta por uma internet livre

Pelo Brasil afora inúmeras têm sido as iniciativas de mobilização contra iniciativas que tentam impor restrições ao uso do internet. Toda essa movimentação se intensificou a partir do momento em que o Senado aprovou, em julho de 2008, o substitutivo do Senador Eduardo Azeredo, o qual “cria 13 novos crimes na internet e novas restrições às/aos usuárias/os e provedores, tal como obriga provedores a guardar registros pessoais de usuárias/os da internet para possíveis futuros exames da ‘Justiça’, se assim requisitado. O projeto foi modificado desde a saída de sua casa de origem, Câmara dos Deputados, para onde volta novamente para aprovação” (CMI).

Quem quiser conhecer mais e se envolver nessa importante campanha, vão alguns links:
Também segue nesta edição um manifesto em defesa da internet livre. Além de um texto lúcido e pertinente em suas propostas, vale registrar o singelo mas contundente alerta ao final: ‘...então a janela de oportunidade aberta pela Internet terá sido fechada, e teremos perdido algo bonito, revolucionário e irrecuperável.’

Manifesto da cultura livre
26 de Abril de 2009

A missão do movimento da Cultura Livre é construir uma estrutura participativa para a sociedade e para a cultura, de baixo para cima, ao contrário da estrutura proprietária, fechada, de cima para baixo. Através da forma democrática da tecnologia digital e da Internet, podemos disponibilizar ferramentas para criação, distribuição, comunicação e colaboração, ensinando e aprendendo através da mão da pessoa comum, e através da verdadeiramente ativa, informada e conectada cidadania: injustiça e opressão serão lentamente eliminadas do planeta.
Nós acreditamos que a Cultura deve ser uma construção participativa de duas mãos, e não meramente de consumo. Não nos contentaremos em sentar passivamente na frente de um tubo de imagem de mídia de mão única. Com a Internet e outros avanços, a tecnologia existe para a criação de novos paradigmas, um deles é que qualquer um pode ser um artista, e qualquer um pode ser bem sucedido baseado em seus méritos e não nas conexões da indústria.
Nós nos negamos a aceitar o futuro do feudalismo digital, onde não somos donos dos produtos que compramos, mas nos são meramente garantidos o uso limitado enquanto nós pagamos por tal. Nós devemos parar e inverter a recente e radical expansão dos direitos da propriedade intelectual, que ameaça chegar a um ponto onde se predominará sobre todos os outros direitos do indivíduo e da sociedade.

A liberdade de construir sobre o passado é necessária para a prosperidade da criatividade e da inovação. Nós iremos usar e promover o nosso patrimônio cultural, no domínio público. Faremos, compartilharemos, adaptaremos e promoveremos conteúdo aberto. Iremos ouvir a música livre, apreciar a arte livre, assistir filmes livres e ler livros livres. Todo o tempo iremos contribuir, discutir, comentar, criticar, melhorar, improvisar, remixar, modificar e acrescentar ainda mais ingredientes para a ‘sopa’ da cultura livre.
Ajudaremos todo mundo o entender o valor da nossa abundância cultural, promovendo o software livre e o modelo ‘open source’. Vamos resistir à legislação repressiva que ameaça as liberdades civis e impede a inovação. Iremos nos opor aos dispositivos de monitoramento em nível de hardware, que impedirão que os usuários tenham controle de suas próprias máquinas e seus próprios dados.

Não permitiremos que a indústria de conteúdo se agarre aos seus obsoletos modelos de distribuição através de uma legislação ruim. Nós seremos participantes ativos em uma cultura livre de conectividade e produção, que se tornou possível como nunca antes pela Internet e tecnologias digitais, e iremos lutar para evitar que este novo potencial seja destruído por empresas e controle legislativo. Se permitirmos que a estrutura participativa, e de baixo para cima, da Internet seja trocada por um serviço de TV a cabo, se deixarmos que o paradigma estabelecido para criação e distribuição se reafirme, então a janela de oportunidade aberta pela Internet terá sido fechada, e teremos perdido algo bonito, revolucionário e irrecuperável.

O futuro está em nossas mãos, devemos construir um movimento tecnológico e cultural para defender o comum digital.

Leia, divulgue, replique, traduza, republique mas não fique aí parado!
(Este manifesto, publicado originalmente pelo coletivo ‘Free Culture’ - http://freeculture.org/manifesto - foi traduzido e divulgado pelo editor do blogue Xô Censura’.

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