06/10/2011

um poema do nobel de 2011

histórias de marinheiros

há dias de inverno sem neve em que o mar é parente
de zonas montanhosas, encolhido sob plumagem cinza
azul só por um minuto, longas horas com ondas quais pálidos
linces, buscando em vão sustento nas pedras de à beira-mar
em dias como estes saem do mar restos de naufrágios em busca
de seus proprietários, sentados no bulício da cidade, e afogadas
tripulações vêm a terra, mais ténues que fumo de cachimbo

(no Norte andam os verdadeiros linces, com garras afiadas
e olhos sonhadores. no Norte, onde o dia
vive numa mina, de dia e de noite

ali, onde o único sobrevivente pode estar
junto ao forno da Aurora Boreal escutando
a música dos mortos de frio)

tomas tranströmer - suécia (agraciado, nesta quinta-feira, com o nobel de literatura de 2011)

transcrito de poesia ilimitada

05/10/2011

ocupando wall street: 3ª semana

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Depois do vergonhoso e desesperado bloqueio das duas primeiras semanas (veja aqui), a grande mídia teve que se render e divulgar o movimento Ocupa Wall Street, aqui anunciado em agosto. Até mesmo a  nossa indefectível Rede Globo teve que mostrar agora há pouco, no Jornal Nacional -  deve ter recebido o sinal verde de suas co-irmãs na América e na Europa.

No mais, o dia foi vibrante, para dizer o mínimo. Além da mobilização do povo americano, o povo grego (o primeiro  a levar efetivamente para as ruas a Rebelão do Ocidente, lá em 2008)  sinalia ao mundo que se mantém firme na sua resistência às imposições de governantes e banqueiros, em suas cegas tentativas de manterem, a qualquer preço, a atual ordem que sustenta essa decadente organização social e econômica chamada capitalismo.
Veja abaixo a chamada de Carta Maior
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*MARCHA EM WALL STREET: mais de 60 organizações profissionais, sindicatos grandes e pequenos, deslocam-se pelas ruas de Nova Iorque para manifestar seu apoio aos 'indignados norte-americanos'** acampados há tres semanas em Wall Sreet, eles catalisam a revolta contra a supremacia do poder financeiro nos EUA**adesão dos sindicatos e passeata conjunta até a Broadway pode significar o salto político de um protesto que ressuscita o movimento pelos direitos civis nos EUA** violencia e desespero na 5ª greve geral que paralisou a Grécia nesta 4ª feira, um país escalpelado pela ortodoxia*até o FMI já recomenda baixar juros contra a crise. carta maior, 05/10/2011
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ocupando wall street: 2ª semana

Mais de 700 manifestantes foram detidos neste sábado nos Estados Unidos, durante um protesto que bloqueou a ponte do Brooklyn, em Nova York, na 15ª jornada promovida pelo movimento Ocupar Wall Street, que mantém um acampamento no Zucotti Park, no centro de Manhattan.

A polícia alegou que não prendeu ninguém que se manteve no passeio, mas que os manifestantes foram para a estrada e assim bloquearam a ponte, o que é proibido. Mas os jovens dizem que foi a própria polícia que os conduziu e escoltou para a travessia rodoviária da ponte. Acusam, assim, a polícia de Nova York de tê-los conduzido a uma armadilha.
Os manifestantes levavam à frente um cartaz onde se podia ler “We the People” (Nós, o Povo), as primeiras palavras do preâmbulo da Constituição dos EUA. Quando começaram as prisões, os manifestantes reagiram gritando “O mundo inteiro está a ver”, em alusão ao live streaming pela Internet que estava a decorrer no momento.
Em seguida, sentaram-se no chão e gritaram “Let them go!” diante de todos os jovens, alguns visivelmente menores, que estavam sendo detidos. O protesto foi totalmente pacífico.
Segundo testemunhos citados pelo The New York Times, os detidos foram levados em dez veículos e libertados em seguida. Há denúncias que alguns deles foram agredidos. Todos foram algemados. Cerca de 3 mil pessoas terão participado na manifestação.

As manifestações ganhando cada vez mais peso nos EUA. Os “indignados” norte-americanos, que denunciam a injeção de dinheiro público para salvar os bancos e a corrupção do sistema financeiro, recebem a cada dia apoio público de intelectuais como Noam Chomsky, o documentarista Michael Moore ou a atriz Susan Sarandon. Houve manifestações também em Washington, São Francisco e Chicago. Já há um novo acampamento, desta vez em Boston, no Parque Dewey.

uivo

E  a denunciar esses tempos  de arte confusa, repetitiva, plastificada, aqui vai um poema do espanhol Juan Bonilla, a  lembrar, com bastante vigor, porque a fruição da arte, muitas vezes, provoca nas pessoas mais tédio do que  êxtase,  comunhão ou admiração, nestes presunçosos tempos pós-modernos.
Claro que a "ânsia de ganhar muito dinheiro" é apenas um dos fatores, afinal também colaboram para  essa indigência a preguiça intelectual, a inapetência criativa e a ausência de familiaridade com aquilo que  a tradição de poetas, escritores, pintores, compositores etc deixou de forte e de sublime, de respeitoso e de reverente, de ousado e de transgressor (preguiça, inapetência e desconhecimento que, aliás, estão muito mais presentes na arte e nos artistas da pós-modernidade do que a crítica tem a coragem de assinalar); e tudo isso, claro, misturado com muita presunção tola,  ou se se preferir mais pós-moderno, misturado com muita 'atitude'.

eu vi os melhores da minha geração
destruídos pela ânsia de ganhar muito dinheiro.
poetas conformando-se com letras de canção,
pintores desenhando sapatos para o estrangeiro.

o nosso Truman Capote aprendeu a lição
e emprega o seu talento de ávido comentador
num programa estúpido de televisão.
mas tem um chalé, dez noivas, cem admiradores.

quem estava destinado a fazer grande arte
ganha milhões com sloganes baratos.
o vanguardista exímio escreve em toda a parte.*

e o artista rebelde que viveu numa gruta
decidiu atraiçoar-se, farto de maus tratos.
dedica-se ao mesmo que os outros: é puta.

juan bonilla - espanha,  transcrito de trapézio

*variante: "Quem estava destinado a fazer a grande novela / ganha milhões com sloganes baratos. / O vanguardista exímio escreveu uma sequela."

ocupar wall street: 1ª semana

 Como anunciado aqui em agosto,  é a Rebelião dos Povos marchando e fincando os pés no coração do império, no templo do capital,. Apesar do descarado bloqueio da grande mídia, começa a ganhar força a ocupação de ruas próximas à famosa Wall Street, feita por ativistas dos Estados Unidos.
O texto abaixo narra um pouco do que foi a primeira semana de ocupação, com todas as suas dificulades, a repressão policial e o bloqueio da mídia.


Venham todos ocupar Wall Street, pede Michael Moore
Após visitar os acampados em Wall Street e declarar seu apoio ao movimento de ocupação, o cineasta Michael Moore, ferrenho ativista contra o sistema, publicou nesta terça (27) uma nota em seu blog chamando pessoas de todo o país para se reunirem aos manifestantes. Ele considera o fato histórico: “É a primeira vez que uma multidão de milhares toma as ruas de Wall Street”.
A manifestação “Ocupar Wall Street” (https://occupywallst.org/) chega ao décimo dia ignorada pela grande imprensa e cada vez mais “gritante” na mídia alternativa e blogs. As milhares de pessoas permanecem acampadas no local, enfrentando policiais cada vez mais violentos.

Lawrence O´Donnel, apresentador de uma emissora de TV alternativa, mostra em seu programa “The last World” a cena de um jovem sendo agredido. Ele questiona: “Por que os policiais estão batendo neste rapaz?”
Em seguida, Lawrence reapresenta a mesma cena em câmera lenta e explica: “Os policiais estão batendo no jovem porque ele está armado com uma câmera de vídeo”. Outra cena do programa mostra duas mulheres gritando muito após terem sido atingidas por spray de pimenta. Lawrence condena a brutalidade: “As pessoas são inocentes, pacíficas, não podem ser agredidas nem presas”.

O que causa espanto ainda maior, acrescenta o jornalista, é a falta de reação de quem assiste ao espetáculo de horror de braços cruzados. “Ninguém faz nada a favor dessas pessoas”, denuncia, afirmando que a violência policial contraria a lei, é crime. Diz ainda que a ação policial tem uma explicação: o governo sabe que a manifestação não terminará enquanto a população nas ruas não for ouvida.

Um internauta posta o programa de Lawrence no Youtube e pede: “Por favor, transformem isto num viral”, explicando que tem poucas linhas para expressar o horror que está ocorrendo nas ruas. Ele assina “moodyblueCDN” na postagem.

Abaixo do vídeo, segue o comentário: “E aqui vamos nós aos bastidores de Matrix”, comparando a bem engendrada política imperialista ao enredo do filme de ficção científica, no qual os personagens têm os destinos traçados por máquinas e só podem romper esse circuito de manipulação quando surgir o salvador.

Outro vídeo da internet mostra os jovens e sua demanda: “quem for honesto nos dará apoio, quem for heróico se juntará a nós”.
Lucas Vazquez está entre os jovens de Wall Street, é um dos organizadores do protesto, segundo um vídeo. Ele dá uma declaração tranqüila, mostrando-se surpreso com a reação dos policiais.

Os dez dias de protestos já deram origem a um documentário, O verão da Mudança (Summer of Change), de Velcrow Ripper. Ripper navega na praia hippie dos anos 1960 ao propor: “Como esta crise global pode se transformar em uma história de amor?”. O documentário foi produzido pela Evolve Love, http://www.evolvelove.live.com/
(matéria transcrita do site vermelho)

Acerca dos primeiros dias da ocupação de Wall Street, leia também:

inocência vencida

a inocência vencida
a imoralidade domesticada
apanhada num dia
a colheita de todas as idades
num só instante
sem aviso
como uma aparição, de repente
tomamos consciência dos anos que passaram
e que nós fomos deixando resvalar
pela pele ainda jovem
quando éramos nós
não a história, não o tempo, não os dogmas
os donos da vida.

agora somos mortalmente conscientes
de que nos resta apenas
o que sabemos já perdido.
ganhámos o medo.

alejandro céspedes - espanha, "hay un ciego bailando en el andén", ed. hiperión, madrid, (1998)

04/10/2011

mais um assassinato da beleza ancestral?


a imagem acima mostra o famoso encontro das águas do rio negro com o rio solimões, nas proximidades de manaus. uma construção do mundo que, como todo lugar ou ambiente, precisou de milhares ou milhões de anos de idade e de toda uma complexa evolução para alcançar sua marca própria - no caso da paisagem acima, até alcançar tamanha grandiosidade e beleza (repare no 'tamaninho' dos barcos de transporte em relação ao rio).  

e eis que tal construção grandiosa está a ser ameaçada de desaparecer em questão de anos -  míseros segundos, se comparados com o imenso tempo gasto para sua aparição no mundo. tal é o poder destrutivo e insaciável que brota da petulância e da pobreza espiritual e metafísica de nossa civilização, ou melhor, do decadente  e lastimável sistema social e econômico que comanda  a nossa civilização.

leia a matéria abaixo, para saber mais sobre essa sedenta necessidade de conquista. como sempre acontece nessas situaçãoes, os defensores da construção do porto devem apresentar argumentos supostamente inquestionáveis, para justificar um suposto progresso, desenvolvimento etc etc, como se tudo fosse inadiável, urgente, insubstituível, como se estivéssemos sempre a ponto de sofrer um colapso em nossa civilização. Só que essa cantilena falsa e cretina já não está mais seduzindo a todos, não tem mais a mesma eficácia... Oxalá, o Ministério Público consiga evitar ao menos esse absurdo...  
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MPF do Amazonas tenta manter tombamento do Encontro das Águas

Órgão quer suspender anulação da sentença da Justiça Federal, de agosto
Terminal portuário será construído próximo a cartão postal do estado.

O Ministério Público Federal (MPF) entrou no início da semana com pedido no Tribunal Regional Federal da 1ª Região para suspender, em antecipação de tutela, a sentença que anulou, no dia 4 de agosto, o tombamento do Encontro das Águas (confluência do Rio Negro, de água escura, com o Rio Solimões de água barrenta), um dos cartões postais de Manaus.
O tombamento havia sido anulado porque o governo pediu que fosse realizada uma audiência pública na cidade de Manaus e pelo menos uma consulta pública em cada um dos municípios que possuíssem território na área tombada.
O MPF argumentou que o tombamento provisório não faz parte do processo administrativo e representa uma medida que assegura a preservação da área até a declaração do tombamento definitivo. “A medida assecuratória é necessária para evitar que proprietários insatisfeitos pratiquem atos tendentes a destruir o objeto da proteção”, afirmou no texto do pedido o procurador regional da República José Elaeres.
Para o procurador, o tombamento provisório dispensa a prévia realização de audiência ou consulta pública, já que a exigência demandaria um tempo que “não se coaduna com o escopo de proteção imediata do bem cultural”.
Construção
Um dos motivos que preocupa o Ministério Público Federal é que a anulação do tombamento provisório sobre o “Encontro das Águas” permitiria o início imediato das obras do Porto das Lajes, empreendimento particular a menos de 3 quilômetros do fenômeno, com 596.464 mil metros quadrados de área. O empreendimento já tem o aval do órgão ambiental do governo estadual.
Para o procurador da República no Amazonas Athayde Costa, a obra poderá acarretar “degradante interferência na paisagem, afetando a leitura do fenômeno nos seus aspectos cultural, estético, paisagístico, arqueológico e histórico”.
Posição do governo do Amazonas
Em entrevista ao Globo Natureza, dias após a sentença proferida pela Justiça Federal que pedia a anulação do tombamento, o procurador-geral do estado, Frânio Lima, afirmou que o fato não tinha relação com a liberação do licenciamento ambiental do Porto das Lajes.
O tombamento como patrimônio natural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é defendido por ambientalistas e moradores da cidade, pois evitaria possíveis danos ambientais e sociais irreversíveis ao local. Neste caso, ficaria proibido qualquer tipo de construção em áreas próximas ao Encontro das Águas.

Foto: Encontro das Águas e projeção de onde será construído o Porto das Lajes(Foto: Reprodução)
texto e foto extraídos do blog do ipevs

quando as barbáries se apropriam da beleza

Há tempos atrás, logo no início do governo Casagrande, Fraga Ferri divulgou um texto onde fazia contundentes críticas ao projeto do Cais das Artes - com relação à sua concepção, seus objetivos e principalmente com relação à gestão antidemocrática do projeto, decisões tomadas sem a participação de artistas e comunidades - o que, convenhamos, não é de se admirar na democracia burguesa, formal, institucionalizada. 

À época, quis publicar e comentar o texto, mas na correria do dia a dia acabei perdendo o momento próprio. Agora, eis que Fraga retorna à questão, num texto novamente contundente, e dessa vez voltado para o aspecto arquitetônico do projeto, abrindo uma discussão interessante acerca da legitimidade, ou oportunidade,  de certa visão arquitêtonica, a saber, aquela ligada ao moviemnto concretista e que atingiu seu ápice na obra de Oscar Niemeyer.

Embora não tenha domínio técnico no campo da arquitetura, eu particularmente admiro e me identifico com a obra de Niemeyar - com a sua leveza, arrojo e inventividade e, claro, com as  posições políticas do arquiteto comunista. O que não quer dizer que eu não tenha ressalvas, não ao talento de Niemaeyer, mas àquilo que o poder instituído faz desse talento. Compartilho da posição de Fraga  no que diz respeito à violência, não apenas desssa arquitetura, mas de toda e qualquer expressão que se pretende moderna, iluminada, e não passa de manifestação modernosa, presunçosa e repetitiva - o que aliás está muito mais presente na arte e nos artistas da pós-modernidade d que a crítica tem a coragem de assinalar.
E, no caso da aquitetura,  a violência e a arrogância no sentido de desrespeitar e ignorar  a beleza e a espontaneidade já existentes, ancestrais, seja elas construídas pela história, pelo mundo, ou pela interação de ambos.

Aliás, no texto sobre a Cidade Admnistrativa de Minas (também projetada por Niemeyer), aqui publicada em maio aqui e aqui,  manifesto mais detalhadamente essa preocupação com o uso que os poderes e instituições fazem, não apenas da arquitetutra mas da arte em geral: embasbacar, extasiar, apropriar-se da grandeeza da arte para aparecer, aos olhos da massa conformada, como donos,  ou íntimos, dessa mesa grandeza e beleza.
Segue abaixo o texto de Fraga Ferri:

Um arquiteto da barbárie
A percepção demasiada humana dos devotos da procissão marítima de São Pedro deste ano captou - com maior sensibilidade e profundidade - aquilo que o desenho no papel já anunciava: o Cais das Artes é um monstrengo alienígena invadindo a Baía de Vitória. A dispepsia estética gerada na comunidade de pescadores - desabrigados agora de sua paisagem afetiva – é algo que merece pelo menos ser refletido.

Os arquitetos ditos modernos - linha de filiação de Paulo Mendes da Rocha - carregam no bolso com devoção inabalável uma lente Niemeyertiana: enxergam um Planalto Central vazio em todo espaço a ser ocupado. Eles trazem em suas concepções colonizadoras aquela postura avassaladora e violenta de conceber estruturas que tem a obrigação de instaurar “um mundo novo”, no espaço pobre, inválido e inóspito onde são edificadas. A relação afetiva, a visão simbólica e adesão existencial do conjunto humano que interage com esse espaço não existem. Quando muito essas dimensões são avaliadas - pelo intelectualismo solipsista moderno desses arquitetos - como sendo fruto de uma casta inferior, de uma gente sem capacidade para compreender as arrojadas linhas modernas e seus promissores efeitos.
Esse tipo de arquitetura fria e anacrônica, que desconsidera a interação com o espaço, é denominada por seus críticos de barbarismo. Existe uma anomalia na gênese dessa arquitetura dita referenciada como “moderna”: ela sofre de agorafobia; sua sistematização esmaga a possibilidade do relacionamento do humano com suas estruturas, apequenando essa dimensão diante da imponente monstruosidade retilínea edificada. Essa visão arrogante é constitutiva do Cais das Arte, determinando uma geometria rígida e deserotizada, sem relação com o ambiente, em consonância com a vaidade concreta e o hermetismo arrogante da aristocracia de plantão que engendrou o projeto.
O arquiteto Paulo Mendes da Rocha cedeu sua reputação e olhar estrangeiro para degradar o espaço vivente da Capital dos Capixabas com uma estrutura anacrônica e desintregadora de poética. A consciência bárbara – presente no arquiteto moderno – determina a percepção da coisa concebida como possuindo absoluta primazia em relação à percepção do espaço afetivo. O objeto novo, a edificação moderna, trás a cultura nova, que se traduz como cultura verdadeira e inovadora; aquela que deve ser inseminada e disseminada para o povo, com o objetivo de purificar e elevar o nível cultural das pessoas - no caso capixabas. Em sua perversa analítica, essa consciência estrutural e estruturante, apreende a cultura existente como inferior ou indigna de ser levada em consideração. Não vigora aqui, em nenhum momento, o reconhecimento que cultura é construção de uma coletividade em relação criativa e significativa com seu espaço. Se há sentidos simbólicos e afetivos eles devem ser, preferencialmente, destruídos.

O complexo de barbarismo arquitetônico se concretiza com suas paquidérmicas proporções: o investimento monstruoso nesse projeto se contrapõe aos ínfimos valores destinados ao longo dos anos ao fomento cultural local. A construção humana dos capixabas, expressada radicalmente por seus artistas, continua sendo vista pela elite dirigente como sub-cultura de uma sub-raça; teremos então que modelar nossa percepção e nosso modo de expressão a partir do que vem de fora. Eles construirão um Cais das Artes e nós continuaremos a ver navios: estamos todos à margem do complexo.

27/09/2011

imagens da rebelião I

a foto acima  mostra policias correndo de manifestantes que romperam um cordão de isolamento, por ocasião de protestos do povo ucraniano durante comemorações da independência, no mês de agosto. além de divertida,  oxalá a imagem seja um símbolo do espítito desses fervilhantes anos: as forças da ordem em desordem, os últimos defensores do decadente capitalismo, fugindo assustados da Rebelião dos Povos. 

abaixo, outros três momentos, que possivelmente antecederam
a divertida debandada dos policiais.
acima, a simpática senhora resgata o jamais esquecido símbolo das ousadas e irreverentes décadas de
60 e 70, mostrando que o sonho do Pacto nunca morreu - esteve apenas adormecido


e, com certeza, que as ativistas do grupo femen não deixariam de estar presentes sua própria pátria, a ucrânia.  essa ousada postura das mulheres do femen resgata para a rebelião dos povos uma postura libertária, que já estava presente nas proposta da contracultura dos anos 60 e 70: fazer a a ação política transcender o mero aspecto social e econômico, desnudando, literalmente, os mecanismos que contribuem para a manutenção do conformismo e da apatia de pessoas e povos, oferecendo um vislumbre do que pode e deve ser um mundo livre e pleno, decente  e prazeiroso, em sua inocência e liberdade   



embora também tardias, entendi de ainda publicar essas fotos, por ver nelas símbolos pujantes da  rebelião dos povos, da construção do colapso do ocidente e do advento da primeira festa planetária dos povos, do primeiro e verdadeiro Pacto - a ser exigido e construído pelos povos e pelas pessoas. leia o texto abaixo.

imagens extraídas da folhaonline, de 24.08.2011

pai

Pai nunca leu Joyce
nem Flannery O’Connor,
pai nunca leu Carver.
Pai trabalhava de sol a sol
como uma besta de carga.
Pai não aprecia Beethoven
sofre dos ombros.
Não gosta de Mozart, Telemann ou Mahler
não suporta a dor das costas.
Pai é o sustento da casa
e não tem tempo para mariquices.
Pai não distingue Art nouveau e Dadaísmo
e não conhece o pensamento
de Kierkegaard ou de Engels.
Quando o céu está nublado
ao pai esmaga-o o peso da sombra.
Quarenta anos
para compreender e admirar pai,
meu pai
que trabalhava de sol a sol.
Muito ler
para não saber nada.

jorge espina, reverdecer, baile del sol, 2010
tradução: a.m - blog rua das pretas

rumo ao colapso do ocidente e à transcendência

Os textos abaixo, embora com atraso de alguns dias, merecem uma leitura e uma reflexão cuidadosas. Afinal, mais do que um sintoma do emaranhado econômico e social que vai imoblizando lenta e inexoravelnte o capitalismo, a tragédia da Grécia na verdade ilustra e antecipa a situação de caos que aos poucos irá se espraiar pelo mundo afora, ao longo dos próximos meses, anos ou décadas.
   
E em meio à perplexidade, ao desamparo e à confusão, em meio a tantas e vindas - crises, rebeliões, recessão, desemprego - em meio a tantos destinos atropelados pela voracidade de um sistema cada vez mais desumano e ineficiente, em meio a tudo isso, povos e pessoas devem se agarrar a uma só certeza: aproxima-se inevitável e irresistivelmente o momento de provocar o colapso do Capitalismo e do Ocidente.

Não há mais ilusões, não mais justificativas para a inação, ou para uma ação obsoleta, que se baseie na idéia de que teremos tempo para soluções intermediárias, paliativas. Não há mais como esperar a vitória da humanidade sobre a bárbarie, se povos e pessoas ainda continuarem acreditando na possibilidade de revoluções e transformações feitas dentro do sistema, feitas sob adminsitração de suas leis, parlamentos e governos.

Não há mais tempo para tais processos, geralmente lentos e negociados. A dialética que se impõe agora é outra, é a do enfrentamento total, global mundial, contra o sistema e em toda sua inteireza. As propostas e projetos de mudanças feitas pela esquerda institucional, embora ainda sejam válidas e necessárias até momento de se iniciar a construção do Colapso do Ocidente, desmoronarão como um castelo de areia, tanto quanto as estruturas arcaicas e burras do sistema capitalista.
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Certamente que muita água ainda irá correr debaixo da ponte, ou melhor, muito sangue ainda correr nas ruas, muito desespero e muita perplexidade ainda será vivido pelas massas, até que os povos e pessoas tenham consciência de suas tarefas históricas e de suas possibilidades, iniciando-se, então, a construção do colapso do Ocidente a imposição, aos comandantes do mundo, do Pacto dos Povos.

Mas, apesar de não sabermos quanto tempo ainda demorará o início desse processo dialético, o que importa é que ele é inevitável, tornando-se de cada dia mais possível e necessário. Na verdade, um único fator talvez venha, não impedir, não evitar, mas quem sabe atrasar consideravelemnte o surgimento do Pacto dos Povos e o seu desdobramento na história. Trata-se daquela que, certamente, será a única e última tentativa dos atuais comandantes do mundo para tentar manter a ordem capitalista: a criação de uma ditadura planetária, global, uma ditadura disfarçada, sedutora.

Um totalitarismo mundial, construído simultaneamente por vários governos (BRICS também?) e que saberá ser ao mesmo tempo light, sedutor, mascarando-se em tecnologias, shoppings, consumismo exacerbado robotizado e, principalmente em mídias mentirosas e safadas, e também saberá ser um totalitarismo brutal, pesado, quando assim for necessário, através de guerras, violência e insegurança nas ruas, através de instabilidades políticas e econômicas. Alguém ainda duvida que esse totalitarismo mundial, tecnicista e sedutor já está a caminho, já está está em nossas vidas e cidades?

Por isso é cada vez mais urgente que povos e pessoas não mais vejam o revolucionário momento histórico com lentes obsoletas, ou limitadas. Quanto mais tempo povos e pessoas demorarem a compreender a sua situação no mundo, mais sofrimento desnecessário vivenciarão, e mais tempo demorarão para exercer a sua tarefa na história, agora uma tarefa revolucionária não apenas em termos políticos e econômicos, mas também numa dimensão transcendente e até mesmo cósmica.
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Afinal, transformar o mundo, e construir um modo decente e superior de convivência entre os homens, é uma tarefa que transcende em muito uma mera postura política ou econômica; é uma forma de se realizar como testemunha e agente de algo maior, algo cósmico, que não interessa aqui denominar ou definir o que seja, mas que com certeza pede, solicita, espera que seres com consciência, tais como nós, contribuam para a construção, a evolução e o gradual desvelar desse algo maior e indefinido; enfim, a tarefa do humano não se esgota na sua própria evolução e aprendizagem,  mas na construção e reverência do próprio Real, Cosmos, Deus, Mistério - fica a critério de cada um nominar.       

E, como já explicitado aqui, este blog tem como tarefa maior dar a sua modesta contribuição na construção de uma Consciência Planetária, de uma visão e uma ação ao memso tempo revolucionárias e transcendentes, pois parece cada vez mais evidente que somente  a ação política - por mais combativa, transformadora e lúcida que seja - não dará cabo, sozinha, da imensa tarefa de derrotar a bárbarie que nos espreita. A ação política há que se superar e caminhar em direção a postura mais rica e abrangente, menos limitadora e menos institucional.

Felizmente, parece que as rebeliões populares que explodem no mundo estão começando  caminhar na  direção dessa superação da ação política limitada.

sintomas do colapso: a tragédia dos gregos

Dois textos de Carta Maior, que retratam um pouco do complexo momento que vivemos. Embora a publicação seja um pouco tardia, valem como complementação ao texto acima.

GRÉCIA: SEMANA DE DECISÕES ‘HERÓICAS'
Até o final de setembro, as ruínas da Antiguidade talvez despontem como a última dimensão intacta da sociedade grega. A esperança de que os ministros das finanças do euro, reunidos na Polônia neste fim de semana, pudessem redefinir a estratégia de socorro às economias falidas da UE esfumou-se. Em rota de colisão com os apelos do próprio emissário de Obama ao encontro, Timothy Geithner, que pediu a inversão da ênfase em cortes para um programa emergencial de incentivos, a ortodoxia personificada em Angela Merkel reafirmou a doutrina da purgação: os que precisam de ajuda terão que extraí-la de seu próprio metabolismo exaurido. Aportes de recursos prometidos pelo acordo de resgate de 160 bi de euros assinado com Atenas em 21 de julho somente desembarcarão nos cofres gregos mediante exudações adicionais de sangue, suor e lágrimas. E isso terá que acontecer nos próximos dias. Ou horas. A pressão do calendário apertou o passo. O Estado grego já não tem mais dinheiro para pagar salários e aposentadorias. O PIB anualizado cravou uma queda superior a 7% n 2º trimestre; há 3 anos a economia grega encontra-se em recessão e caminha para um novo mergulho em 2012. O desemprego oficial tangencia os 17%. O número de suicídios saltou 40% desde o início da crise. Cidadãos desesperados se imolam em praça pública ateando fogo ao próprio corpo. A Roche suspendeu a entrega de medicamentos para tratamento de câncer aos hospitais. Motivo: falta de pagamentos. É sobre essa montanha desordenada de desespero e falência branca que a cegueira ortodoxa exige um novo degrau de cortes e renúncias. Não há qualquer remoto vestígio de racionalidade ou coerência macroeconômica nisso. Estamos no terreno das trevas, diria Maria da Conceição Tavares,ali onde a ganancia se sustenta exclusivamente pela coerção e o aniquilamento. E Papandreu sinaliza sua adesão ao butim. Depois de atear fogo ao próprio corpo, o que mais resta à sociedade grega senão ir às ruas e reassumir o controle do seu próprio destino? (Carta Maior, 2ª feira,19/09/ 2011)

BOLSAS DO MUNDO JOGAM A TOALHA E PRECIFICAM A RECESSÃO
**clima de pânico toma conta dos mercados financeiros na Europa** açoes de bancos queimam nas mãos dos investidores que aceleram as vendas** desânimo com inércia dos governos que não conseguem coordenar medidas anticrise e risco encadeado de um calote da Grécia disparam ordens de vendas de ações de bancos e indústrias** mais de 20 instituições bancárias do euro já perderam a metade de seu valor de mercado este ano** busca de proteção no dólar e nos papéis do Tesouro norte-americano gera fuga maciça de capitais ** movimento global atinge também o Brasil, antes afogado em tsunami de dólares** cotação da moeda norte-americana dispara nesta 5ª feira** dólar valoriza quase 18% este mês** economistas já advertem para a necessidade de centralizar o câmbio e proteger o país do ajuste selvagem no cenário internacional (Carta Maior, 5ª feira, 22/09/ 2011)

26/09/2011

a longa greve em minas: convocação e desabafo

Para além de um desabafo, o texto abaixo é uma verdadeira convocação à luta e à resistência, feita pelo professor Leandro Azevedo, da rede pública estadual de Minas Gerais, cujos profissionais estão em greve há mais de cem dias. Vale a sua publicação e a sua leitura, pela contundente espontaneidade:

Senhores e senhoras professores!!!!
Nós não voltaremos para as salas de aula.
Podem me substituir, me mandar embora , me ameaçar, mais a minha alma esse Demônio do Anastásia não compra.
Vergonhoso é a permanencia dos senhores e senhoras "professores" que INSISTEM em permanecer dentro de sala de aula em pleno estado de Greve e em tempos de Guerra.
Estamos trabalhando forte pela aplicação da Lei do Piso Nacional da Educação nesse Estado.
Muitos de nós estão em Greve de fome, acorrentados e dormindo nas entradas de garagem da Assembléia Legislativa de MG e na porta dos gabinetes dos Deputados Estaduais.
Como diria o nosso EX: vice-presidente da República José Alencar, o cancer pode me tirar a vida, mais jamais a minha HONRA.

Sou verdadeiramente PROFESSOR DE HISTÓRIA DO IEMG com muito orgulho e muita HONRA.
Vou lutar pelo meu filho, pelos meus alunos e pelos verdadeiros professores e professoras desse Estado de Minas Gerais.
FAÇO MINHAS AS PALAVRAS DE Martin Luther King:
"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." Martin Luther King.
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E, depois de se acoorentarem, outra forma  de resistência em Minas está sendo a greve de fome. De fato, está se tornando histórico e exemplar esse movimento dos professores mineiros:

Educadores iniciam greve de fome
Dois educadores da rede estadual de ensino e membros da diretoria estadual do Sindicato Único dos Trabalhadores/as em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) deram início hoje (19/09), às 16h30, a uma greve de fome por tempo indeterminado. Os educadores, Abdon Geraldo Guimarães e Marilda de Abreu Araújo, estão alojados na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG), na porta do gabinete do 1º secretário da Mesa da ALMG, deputado Dilzon Melo e vão permanecer em greve de fome até que seja estabelecido um processo de negociação com o Governo do Estado, com vistas ao pagamento do Piso Salarial.

(ambos os textos enviados através de email pelo professor Eudes de Souza)

eita semaninha danada

por Laerte Braga
Imagina o sujeito acordando com os trinados de Kate Perry – e em play back ainda por cima – e a cara de Antônio Anastasia pairando sobre Minas Gerais com coroa e cetro de imperador. Putz! Ou é o caso de recusar o bafômetro, deve ter tomado todas e umas horas de sono não foram suficientes para afastar os fantasmas oriundos ou de um bom scoth, melhor ainda, uma deliciosa pinga, ou então de procurar direto, sem intermediários, um hospital psiquiátrico e se auto vestir numa camisa de força. (...)
(...) Só imaginar que Kate Perry canta já é uma tragédia. Um desses canais de tevê a cabo/satélite, no afã de emburrecer mais ainda os telespectadores, lançou um concurso antes da chegada de Kate Perry ao Brasil. Um vídeo feito por assinantes nos moldes da tal “cantora”. O melhor deles garantiria o direito de um dia com a dita cuja. Devem ter se esquecido que tortura é crime inafiançável e contra a humanidade.
Já andam vendendo lobisomem no mercado. É o capitalismo.
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O comandante interino da 3ª de Cavalaria Mecanizada, coronel Mário Luís de Oliveira, em Bagé, Rio Grande do Sul, soltou uma ordem do dia lida perante a tropa formada no pátio, ou qualquer outro canto do quartel e deitou histórias de horrores sobre o governo João Goulart e a “corajosa” atitude das forças armadas depondo o presidente para salvar o Brasil. Imagino o que terá sido a noite da tropa.

Reforço de grades nas janelas, nas portas, trancas, câmeras o escambau. O medo que no meio da noite pudesse emergir das sombras e penumbras um comunista munido de foice e martelo e disparar foiçadas e marteladas na democracia.

É que essa gente não gosta de prestar contas da covardia real que foi 1964. Das prisões à revelia da lei, das torturas, dos estupros, dos assassinatos, o medo da Comissão da Verdade. Escondem-se atrás da saia da anistia e tentam aterrorizar a turma.
A ordem do dia do distinto é um primor de ferocidade. É preciso atenção para saber se quando sai às ruas usa focinheira, do contrário estará infringindo a lei que protege os cidadãos de ataques de animais ferozes.

Deve ter baixado o espírito de Dan Mitrione, do general Vernon Walthers, comandante das forças armadas golpistas em 1964, de Garrastazu Medice e seu radinho de pilha querendo Dadá Maravilha de titular na seleção de 1970. Sai Tostão, ou sai Jairzinho, ou então Rivelino, entra Dadá.
O espectro do delegado Fleury rondava o ambiente.
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O discurso da presidente Dilma Roussef na abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas foi um traulitada no esquema das grandes nações, dos poderosos/quebrados, mas donos de arsenais capazes de destruir tudo. O cavalo de Átila – “por onde o cavalo de Átila passa não medra grama” – deve ter se remoído onde quer que se encontre.
Nada diferente do óbvio, a lógica do capitalismo a brasileira inventado no governo Lula e diagnóstico preciso de Ivan Pinheiro, secretário geral do PCB. Mas aquele negócio de no rico dinheirinho brasileiro a turma não vai por as mãos para salvar da falência banqueiros e grandes corporações européias. Ainda mais depois de atrapalhar contratos brasileiros – empresas – na Líbia.

A ONU viveu momentos de brilho na semana que passou. O discurso do presidente palestino Mahamoud Abbas e o envergonhado falatório do líder nazi/sionista Benjamin Netanyahu, principal executivo de ISRAEL/EUA TERRORISMO S/A.
As armas nucleares do genocida Netanyahu versus os estilingues dos palestinos.
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Poucos deram atenção a um fato significativo acontecido há uns dois ou três meses. O Superman renunciou à cidadania norte-americana, preocupado com tantas barbáries perpetradas pelos EUA. Estavam respingando sobre o dito.
Lois Lane continua a ver navios. E a tomar suco de laranja brasileiro taxado para não afetar o mercado norte-americano, os produtores do país, coisa que a veneranda senhora Miriam Leitão não diz nem amarrada, pois é paga para dizer o contrário, para ignorar a verdade. Sei lá, tenho a sensação que a vetusta comentarista, adequadamente chamada de “urubóloga” pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, qualquer dia sai voando que nem aqueles teco tecos que carregam anúncios em longas faixas. A dela é previsível – vem aí a crise –. Compra não que é fria.
A ela falta a verve para encarnar o personagem do “Homem que falava javanês”, mesmo porque Machado de Assis virou branco num comercial da Caixa Econômica Federal.
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Ah! Ia me esquecendo. Compraram uma cadeira de “imortal” para Merval Pereira, jornalista do O GLOBO. Fez um discurso chamando de “vagabundos” os beneficiários do programa bolsa família. “Imortal” tem ajuda de custos com verba pública. Chá bolinhos, etc.

Presente o ex-governador de São Paulo José Arruda Serra. O tal que a filha ganhou uma bolsa em Harvard, paga pela AMBEV – antes de oficializada a fusão Brahma/Antártica). A moça estudou por lá, a AMBEV pagou, na volta foi trabalhar na empresa e a fusão legalizada. Tutti buona gente. Sem falar nas contribuições para a candidatura do vampiro paulista.
A Academia Brasileira de Letras vive uma fase descendente, deve ser por isso que branquearam Machado de Assis, desde a eleição de José Sarney, autor do destempero BREJAL DOS GUAJÁS, demolido letra por letra pelo jornalista Millor Fernandes.

Daqui a cem anos quando alguém falar do imortal Merval o outro vai dizer – quem? – Ora, você não sabe? jornalista do O GLOBO. – Ah! sei. – Sem saber nada.
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Quem não se lembra de Marinho, lateral esquerdo do Botafogo e depois do Fluminense, pernambucano loiro e de olhos azuis, a descendência holandesa?
Em novembro de 1555 o vice-almirante Nicolas Durant de Villegagnon chegou à baía de Guanabara. O propósito era criar a França Antártica. Nada a ver com a cerveja. Mas com comércio e uma parte do Brasil colônia para a França.
Villegagnon comeu o pão que o diabo amassou no tempo que ficou por aqui. Católico, obrigava os franceses que trocavam presentes por índias ao sacramento do matrimônio. Gerou revolta entre os seus, mas controlou o esquema. Acabou envolvido no cisma da Igreja Católica e os primeiros pastores protestantes chegaram por aqui àquela época (nada a ver também com Edir Macedo, esse é outro tipo de pilantragem).

O projeto faliu a curto e médio prazo, mas hoje, com certeza, lá está Antônio Anastasia, monarquista empedernido, assentado no trono do governo de Minas a perseguir professores com um séquito de deputados estaduais, desembargadores e a mídia comprada e guardada na carteira das contas públicas, lógico, o dinheiro sai do bolso do cidadão.
Deformação genética da França Antártica. Deve achar que merece Versailles.

Eita semaninha danada!

22/09/2011

daquilo que sou



neste corpo
onde a vida já anoitece
vivo eu
ventre murcho
cabeça calva
poucos dentes
e eu dentro
como um condenado
dentro e ainda apaixonado
e estou velho
então busco decifrar minha dor com a poesia
mas o resultado é especialmente doloroso
vozes que anunciam: lá vem sua angústia
vozes quebradas: seus dias se foram
acostume-se com suas facadas
a poesia é a única companheira

é a única
 
De lo que soy
En este cuerpo
en el cual la vida ya anochece
vivo yo
Vientre blando y cabeza calva
Pocos dientes
Y yo adentro
como un condenado
Estoy adentro y estoy enamorado
y estoy viejo
Descifro mi dolor con la poesía
y el resultado es especialmente doloroso
voces que anuncian: ahí vienen tus angustias
Voces quebradas: ya pasaron tus días
La poesía es la única compañera
acostúmbrate a sus cuchillos
que es la única.
raúl gómez jattin - colômbia
tradução: roberto soares

a foto acima extraí de noctambulario, ótimo blog mexicano de poesia, complementado por fotografia.
Achei interessante o contraponto entre verbo e imagem: como se um lembrasse a juventude e a vivacidade que se foram pelos dedos, e como se a outra mirasse a vastidão do ser, vislumbrando no oceano do tempo o aniquilamento que  espera a precariedade de sua beleza e sensualidade; o mesmo aniquilamento ao qual o poeta  se sente já condenado, mas que apesar de sentir a vida cada dia mais com um ventre a murchar, ainda assim logra celebrá-la em companhia da poesia, mas celebração sem desnecessárias ilusões e sem medrosos lamentos, poema-celebração cortante como uma faca.
A propósito, este outro poema, um dos raros de Hemingway,  trata também da larga, voraz e aparentemente lenta estrada do tempo - só que, além de também cortante, o poema faz não propriamente uma celebração mas uma espécie de repto, de atrevido desafio ao tempo.   

blogueiros do mundo inteiro no brasil - 2

Veja abaixo como ficou a programação do Encontro Mundial de Blogueiros. Pela relação de participantes percebe-se que é realmente uma inciativa de pesos. Guardadas as devidas proporções, não há como não lembrar um pouco o pioneirismo dos brasileiros e dos entidades e moviemntos latinoamericanos na construção e na organização do primeiro Fórum Social Mundial, em 2001, em Porto Alegre.

Afinal esse movimento de blogueiros progressistas deverá realmente se frimar em âmbito mundial, nestes tempos de mobilização e resistência em nível planetário, mobilização essa que certamente irá desembocar na construção de uma Greve Planetária, no Colapso do Ocidente e na imposição do Pacto dos Povos aos comandantes do mundo.  Veja mais sobre o Encontro aqui.   

27 de outubro – quinta-feira
17 horas – Início do credenciamento
19 horas – abertura oficial com a presença de autoridades e promotores do evento

28 de outubro – sexta-feira
9 horas – Debate: “O papel das novas mídias”
- Ignácio Ramonet – criador do Le Monde Diplomatique e autor do livro “A explosão do jornalismo”
- Kristinn Hrafnsson – porta-voz do WikiLeaks [*]
- Dênis de Moraes – organizador do livro “Mutações do visível: da comunicação de massa à comunicação em rede”
* Mesa dirigida por Natalia Vianna (Agência Pública) e Tatiane Pires (blogueira do RS)

14 horas – Painel: “Experiências nos EUA e Europa”
- Pascual Serrano (Espanha) – blogueiro e fundador do sítio Rebelion
- Richard Barbrooke – jornalista da Rússia [*]
* Mesa dirigida por Renata Mielli e Maria Inês Nassif.

16 horas – Painel: “Experiências na Ásia e África”
- Ahmed Bahgat – blogueiro do Egito
- Nadine Mo’wwad – blogueira do Líbano [*];
- Pepe Escobar – jornalista e colunista do sítio Ásia Times Online
* Mesa dirigida por Sérgio Telles (blogueiro RJ) e Leandro Fortes (CartaCapital)

Dia 29 de outubro – sábado
9 horas – Painel: “Experiências na América Latina”
- Iroel Sanchez – blogueiro cubano da página La Pupila Insomne
- Blanca Josales – secretária de redes sociais do governo do Peru
- Martin Becerra – blogueiro da Argentina
* Mesa dirigida por Sérgio Bertoni (blogueiro PR) e Cido Araújo (blogueiro SP)
14 horas – Painel: “As experiências no Brasil”
- Emir Sader – blogueiro e articulista do sítio Carta Maior
- Luis Nassif – criador do blog do Nassif
- Esmael Moraes – criador do blog do Esmael
- Conceição Oliveira – criadora do blog Maria Frô e tuiteira
* Mesa dirigida por Daniel Bezerra (blogueiro CE) e Altino Machado (blogueiro AC)

16 horas – Debate: A luta pela liberdade de expressão e pela democratização da comunicação
– Paulo Bernardo – ministro das Comunicações do Brasil [*]
- Jesse Chacón – ex-ministro das Comunicações da Venezuela
- Damian Loreti – integrante da comissão que elaborou a Ley de Medios na Argentina
* Mesa dirigida por Joaquim Palhares e Altamiro Borges

18 horas – Ato de encerramento
- Aprovação da Carta de Foz do Iguaçu (propostas e organização)

[*] Os nomes com asterisco ainda não foram confirmados.

Público alvo
- Internautas dos EUA, Europa, Ásia e África – 20 participantes
- Internautas da América Latina – 50 participantes
- Ativistas digitais, jornalistas e estudantes brasileiros – 200 participantes

Inscrições e estrutura do evento
As inscrições e acertos de viagem e hospedagem devem ser feitos no sítio do Encontro Mundial de Blogueiros. As vagas são limitadas e o prazo de inscrição se encerra em 20 de outubro.

o tempo exigiu

O tempo exigiu que cantássemos
E arrancou-nos a língua.

O tempo exigiu que fluíssemos
E cravou-nos uma rolha.

O tempo exigiu que dançássemos
E vestiu-nos uma calças de ferro.

E no fim o tempo recebeu em troca
Toda a quantidade de merda que exigiu.

ernest hemingway - estados unidos

15/09/2011

blogueiros do mundo inteiro no brasil

I Encontro Mundial de Blogueiros
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil - 27 a 29 de outubro

O papel das novas mídias na construção da democracia
As novas mídias, com seus sítios, blogs e redes sociais, adquirem papel cada vez mais relevante no mundo contemporâneo. As informações circulam online pela internet, contribuindo para democratizar a comunicação – seja nas revoltas no mundo árabe, na “revolução dos indignados” na Espanha, nos vazamentos do Wikileaks ou nas eleições que agitam vários países. A produção cultural e o entretenimento ganham maior difusão na web. A internet passa a fazer parte do cotidiano de bilhões de pessoas.

Num curto espaço de tempo, esta nova ferramenta tecnológica mostra todo seu potencial para o desenvolvimento – econômico, social e político. Ela coloca em xeque a chamada “velha mídia” – com a queda das tiragens e as crises dos jornais e a migração da audiência das TVs e rádios. O impacto já se dá inclusive no terreno da publicidade. Pesquisa divulgada em março mostra que nos EUA os anúncios na internet já superaram, em US$ 2,5 milhões, os investidos na mídia impressa.

Mais do que nunca é preciso valorizar as novas mídias. É urgente entender melhor este fenômeno e suas tendências; investir mais no seu florescimento e aperfeiçoamento. Há consenso de que elas contribuem para o fortalecimento da democracia, no mundo e no Brasil. Com este objetivo, a Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) e o Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, com o apoio institucional da Itaipu Binacional, promovem o 1º Encontro Mundial de Blogueiros, com o tema “O papel das novas mídias na construção da democracia”, de 27 a 29 de outubro de 2011, em Foz do Iguaçu, Paraná (BR).

Em breve, a programação do Encontro.

minas: a educação acorrentada

Em greve há 98 dias, professores da rede estadual de ensino participam de uma manifestação, na manhã desta segunda-feira (12), na Região Central de Belo Horizonte. Acorrentados ao “Pirulito”, na Praça 7, o grupo, com cartazes nas mãos e narizes de palhaço, reivindica melhorias para a categoria.


Os grevistas reforçam que enquanto o Governo do Estado não atender às exigências, não voltam às aulas, apesar da promessa feita pelo governador Antônio Anastasia de que ainda nesta semana a paralisação chega ao fim. A professora de história Cláudia Simões, 47 anos, afirma que os educadores não pretendem ceder à ordem. “A greve só acaba quando houver o pagamento do piso. A palavra do governador não vai interferir na decisão do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE). O Ministério Público também não vai nos atrapalhar. O governo tem tentado nos anular, mas não pode contestar a lei do Superior Tribunal Federal (STF)”, disse.

transcrito de hoje em dia

12/09/2011

11 de setembro - ainda a dúvida... II

11 DE SETEMBRO - DEZ ANOS DEPOIS
transcrito de resistir  

As demolições controladas do WTC e o ataque – com míssil – ao Pentágono cumprem agora 10 anos. Tais eventos foram previstos em documentos dos neocom dos EUA, que os consideravam o sinal (necessário) para desencadear guerras e agressões contínuas por todo o mundo a fim de alcançar o que chamavam de "século americano". Esse desígnio louco desencadeou uma série de guerras bárbaras e criminosas por toda a parte do planeta, as quais ainda continuam.
Tem importância estudar, dissecar e denunciar os eventos do 11/Set porque eles foram o pretexto forjado das novas agressões imperiais. Os eventos do 11/Set podem ser comparados aos acontecimentos de 1933 em Berlim, quando Goering ordenou incendiar o Reischstag para culpar os comunistas e alcançar o poder total para os nazis. Podem também ser comparados ao "incidente do Golfo de Tonquim", uma provocação montada em 1964 pelo imperialismo a fim de desencadear a Guerra do Vietname.

Tais factos históricos devem ser recordados, porque nos media que se dizem "referência" (do que? e para quem?) continua a enxurrada de desinformação acerca do 11/Set, das guerras em curso promovidas pelo imperialismo (Iraque, Afeganistão, Líbia) e de outras que se ameaçam (Argélia, Síria, Irão, Iémen).