crianças correndo na chuva
o rio da vida segue impiedoso
e as lágrimas escorrem
como a areia do tempo.
às vezes sonho o passado
acordo em lágrimas
às vezes durmo presente
acordo futuro
danço na linha do tempo
invento formas
defino conteúdos
de vidas presentes,
passadas e futuras . . .
rasgo entranhas em troca de um pouco de ópio e verdade
rasgo o véu translúcido do tempo que escorre
rasgo a própria veste da vergonha na cara.
restaria ainda a velha ordem de roma
do rei e suas vestes perecíveis
dos ratos e suas afiadas presas . . .
não resistisse essa rara vergonha
corroído estaria o meu coração
não restasse essa alma que sonha
restaria apenas um corpo no chão.
aquilo que passa
como enxurrada de verão
não volta com o tempo
não se repete da mesma forma
não se clona ou reproduz.
depois de nós
haverão muitos
[aventureiros do tempo]
evocando os mesmos gestos
que outrora fizemos
entoando as mesmas notas
da política e das verdades inventadas.
há porém um tempo
além do próprio tempo
em que zeus escapa
da boca terrível de seu pai
onde o que foi não veio,
não virá e não vai.
é o tempo do centro da roda
do eterno indizível
do véu do santíssimo
do chifre de moisés
das tábuas da lei
da voz de Elohim
e El Shadai.
willian berger
Nenhum comentário:
Postar um comentário